
PINTURA
A pintura surge a mercê da temática. As pinceladas, as cores, e as texturas servem à figuras, femininas em sua maioria. São cenas que refletem situações não banais, ao mesmo tempo que são tratadas pictoricamente como se o fossem. A distribuição dos elementos figurativos é criada por meio de espaços compositivos que os deixam no vazio, sem cenário, ou sobrepostos, ou saindo do suporte, possibilitando leituras diferentes e em tensão. O uso de uma situação cotidiana passa a ser nonsense(sem sentido óbvio) desvirtuando a cena comum. Isto se dá por pinceladas que muitas vezes encapsulam as figuras, escondendo-as, ou por recortes que não completam o enredo, deixando-o em aberto. Vejo a pintura como uma performance, ela é rápida, quase caricatural, trazendo instantes, como registros de passagem, prometendo um antes e um depois, provocando o público a contar sua história a partir de seu ponto de vista.
Sempre trabalhei com a ideia de séries. Pois cada temática, parece ter que ser esgotada ou diversificada, seja nas cores, nas texturas ou personagens, pois as figuras sempre aparecem com uma aura de personagem. Cada série é uma coleção que me inspira a dizer de algo, como um discurso visual. Nesse sentido, os formatos se modificam, seja em tamanho ou uso do espaço pictórico. Ora se convertem em tiras bem estreitas e compridas, ora são quadrados perfeitos, ou em grandes espaço a serem preenchidos de maneira distinta, criando a cena levando em conta um certo excesso de espaço, onde as figuras se encontram perdidas ou marcando um território opcional.