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A literatura foi o início de tudo. Com ela comecei a ter imagens mentais e emocionais que me faziam possível estar no mundo. A palavra me faz pensar, me faz construir possibilidades. É sua vulnerabilidade ficcional que me move. Escrever é um ato de leveza, quase simultâneo ao pensar. A sublimação do real, se confunde com a ficção. Na palavra sempre há um misto de lugares de fala, sejam eles pessoais ou coletivos. É onde me sinto voz. Ao embrenhar-me no ato de escrever a vida trago presenças enviesadas, cifradas e subentendidas, hoje amarrotadas pelo tempo, rasuradas, que acabam virando rascunho do vivido, mas ainda permanecem ocupando a ilustre posição de cópia final. Para isso, a palavra é usada como uma ferramenta que norteia a construção ficcional, revelando a opacidade e a materialidade da linguagem, o visível e o invisível, já que existe uma palavra que é vista e que também é lida, e entre as duas também existem colapsos e relevos diferenciados que criam sentidos e significados diferentes, dependendo de como ela aparece. O leitor passa a ser um voyeur, que mais que ler, vê.